Casa das Rosas

       No alto da ladeira mais íngreme da pequena cidadezinha sem nome, morava uma casa estranha. Em seu interior, vivia uma moça jovem e bela. Ninguém sabia seu nome, embora os homens da vila sonhassem com ela todas as noites. Já havia sido pedida em casamento por vezes incontáveis, mas ela sempre respondia: "Já sou casada com a casa". A moça nunca saía, a não ser para cuidar de seu canteiro de rosas. As flores carmesim eram belas e robustas como ninguém jamais havia visto, não importava a estação. E sempre que alguém lhe pedia uma rosa para dar à namorada ou uma dúzia para enfeitar a casa, a moça aparava os espinhos e doava sem titubear.
       Certa feita, um garoto sapeca, daqueles que deixam os pais e a professora de cabelo em pé, empinava uma pipa pelo morro. E no vai e vem das linhas, sua pipa foi parar no canteiro de rosas da casa estranha. O garoto, sem pensar, pulou a cerca de arame para seu brinquedo recuperar. E o que se sucedeu, ninguém sabia além de que o menino não era mais o mesmo. Os amiguinhos só sabiam dizer: "a moça bonita o convidou para tomar um chá". O menino gordinho, apareceu raquítico. E se antes não sabia parar, não abria mais a boca para falar. E assim foi, definhando até morrer.
       Os moradores da cidadezinha sem nome, enraivecidos, ameaçaram a loira de abuso e até de bruxaria, mas ela alegava ser inocente. A levaram até a delegacia para ser interrogada, e ao lá chegar, começou a se transformar. Sua pele enrugou, suas curvas deram lugar a ossos aparentes, seus cabelos branquearam e seus dentes caíram. Logo, o que antes era uma bela jovem se tornou uma velha frágil e encurvada. E ao longe, na casa estranha no topo da ladeira, as rosas começaram a murchar.
       Muitos anos se passaram desde a morte da moça. E a mãe do garoto, de curiosidade, resolveu a casa abandonada no alto da ladeira visitar. O canteiro de rosas fora tomado por mato, e as janelas, teias de aranha colecionavam. A mulher abriu a porta, sem dificuldade, e olhou pasma para o interior da casa. Os móveis estavam limpos, e tudo em perfeita ordem como se ali alguém morasse ou cuidasse. Ela chamou por alguém, olhou em todos os cômodos e chegou a conclusão: a casa estava realmente abandonada. Na cozinha, seus olhos foram atraídos para a mesa circular. Ali, haviam frutas lindas e frescas. Um bolo de fubá e um bule de chá completavam o banquete e olhando com atenção, podia ver a fumaça. E que cheiro a exalar!
       No meio de tudo, uma folha estava a esperar. E nela, em letra bonita, escrito um poema estava:

Muitos anos se passaram
Desde a triste maldição
A moça bela jamais casaria
Pois estava presa à mansão.
E pra viver eternamente
Sem definhar em solidão
Corações puros e frescos
Alimentariam as flores então.
Mas a moça foi arrancada
Da casa a que pertencia
E agora a casa precisa
De uma nova companhia.
Sendo assim, fica escrito
Que a primeira alma singela
Ao entrar pela porta
Me dará devoção eterna.

       Olá, pessoal! Esse é um conto de minha autoria. Espero que vocês tenham gostado. Por favor, deixem nos comentários a opinião de vocês, pois ela é muito mportante pra me motivar a continuar a escrever e também pra me ajudar a melhorar. ❤

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12 comentários

  1. Nossa que conto mais lindo. Parabéns pelo talento!!

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  2. Que conto incríveel!! Me prendeu até o fim e me rendeu uns arrepios no final. Parabéns pelo trabalho. <3

    http://www.carolinefrizeiro.com

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  3. Que conto fantástico, parabéns, você escreve muito bemmmm!
    http://blogsorrindoporai.blogspot.com.br/

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  4. GENTE! Eu to chocada com esse post, amei ele, de verdade mesmo!
    Você arrasou na escrita, parabéns!

    Pink Yuri | Pink is not Rose

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    1. Sério??? OMG! Você não sabe o quanto to alegre com seu comentário kkk Obrigada! ❤

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  5. Fiquei encantada com esse conto, que lindo e profundo. O final é surpreendente.

    Beijos
    http://www.pimentadeacucar.com

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  6. Adorei o conto!

    Se quiser participar e/ou divulgar, separei um presentinho ara uma leitora lá no blog: https://oblogdafenixx.blogspot.com.br/2017/08/sorteando-blog-esta-de-volta.html

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